segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Homens de lata

Certo dia
Amei um homem de lata
Que era vazio feito boneco oco
E sua cabeça feita por tantas mecânicas
Palavras repetidas reproduzidas e sem capacidade de pensar além.
Era tão vazio
Que não havia espaço para nada.

Certo dia
Amei um homem de lata
E seus olhos de vidro não me enxergavam
E eu era como outro qualquer
E outro qualquer era como eu.
E não fazia diferença se eu estava ali
Porque ele não era capaz de sentir.

Certo dia
Amei um homem de lata
E o aprimorei
A tecnologia de seu cérebro foi aumentada
E seu corpo oco agora havia parte do meu.
Mas ainda assim não era o suficiente.

Certo dia
Amei um homem de lata
E o amei tanto
Que dei meu corpo por ele
Para que pudesse deixar de ser apenas um homem de lata
E que pudesse ter sentimentos
E talvez
Que pudesse me amar assim como o amei.

Certo dia
Amei um homem de lata
E ele me amou também
Porém meu corpo agora era oco
E quem virou lata
Fui eu.


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